Desde os 11 anos, quando entrei pela primeira vez em um estúdio de rádio, aprendi que a mídia é um organismo vivo: nasce, cresce, se transforma — ou morre. Vi jornais impressos darem lugar às ondas curtas, à TV, à internet, às redes sociais e ao que virá depois. E, a cada mudança de palco, procurei carregar comigo não apenas técnicas novas, mas um coração que entende o valor de cada segundo de atenção.
Hoje, muitos se perguntam, inclusive eu: “Qual Dudu nós temos?”
Havia um personagem que tomou conta de mim: extrovertido, exagerado, irreverente, uma explosão de cor e risada. O “Dudu Maravilha” era uma entidade com vida própria — às vezes me pôs em encrenca, mas sempre me ensinou a celebrar o risco e a espontaneidade. A ele devo a chance de existir na vida alheia com genuíno alto astral.
Na transição para a internet, usei meu nome de batismo, Eduardo Imperador, e desvendei cedo o perigo do excesso. Mostrei tudo, disse tudo, acreditei que me veriam como sou — mas descobri que a exposição desenfreada produz ruído, não empatia. Foi uma loucura de imagem e opinião, em que me perdi e, ao mesmo tempo, aprendi o valor do silêncio bem colocado.
Quase quatro anos ao lado da minha mãe, entre UTIs, alas e leitos improvisados, forjaram a pessoa que sou hoje. Vi crianças que chegavam rindo e partiam nem sempre sussurrando adeus; conheci rostos marcados pela urgência da vida e pela negligência do sistema. Essa imersão na fragilidade humana me ensinou que toda história pública precisa de conteúdo — e toda alma precisa de cura.
Desde 2022, faço tratamento psiquiátrico e terapia para lidar com cicatrizes profundas. Esse processo me levou ao gesto de me calar: por amor a quem me segue, por respeito aos corações que me emprestam atenção. Meu “sumiço” não é ausência — é presença refinada, plantando sementes de significado em vez de despejar opiniões ao vento.
Se estou de pé, com comida no prato e teto sobre a cabeça, devo isso a você: leitor, ouvinte, espectador, seguidor. Cada mídia que me abraçou ensinou um novo idioma — e eu juro continuar me adaptando, mantendo o frescor que só o amor pela arte de comunicar pode dar. Não prometo ressuscitar o Dudu de antes, mas posso prometer que darei voz a quem mereça — talvez ele renasça um dia, ou talvez surja alguém novo, com outro nome, outra intensidade.
O futuro nos reserva o imprevisto. Até lá, que possamos aprender juntos a errar, a calar, a erguer, a renovar e voar. Obrigado por cada segundo de atenção.
Texto: Eduardo Imperador