Na noite desta segunda (13), Andradina viveu um dos atos mais comoventes de sua história recente. Mais de cem moradores se reuniram em uma manifestação silenciosa e simbólica por melhorias urgentes na saúde pública do município. Com balões pretos nas mãos e cartazes com mensagens de protesto e fotos de vítimas, os manifestantes formaram um longo cordão humano que ligou a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) à entrada da Santa Casa, em um gesto que uniu dor, solidariedade e esperança.
A mobilização teve como ponto alto uma oração coletiva do Pai-Nosso em memória das vidas perdidas por falhas no sistema de saúde. O momento mais tocante foi a homenagem ao pequeno José Rafael, de apenas dois anos, que faleceu há uma semana após receber medicação errada na UPA da Unimed. Familiares do menino, visivelmente emocionados, participaram do ato e foram amparados pela presença calorosa da comunidade.
Após a primeira oração, o grupo caminhou até a frente da unidade de pronto atendimento da Unimed, onde mais uma prece foi realizada. Ali, os manifestantes reforçaram o apelo por mais responsabilidade, cuidado e humanidade no atendimento à população. O silêncio, intercalado por palavras de fé e indignação, ecoou mais alto do que qualquer grito de revolta.
O ato, organizado de forma espontânea por cidadãos inconformados, foi mais que um protesto: foi um ritual de resistência civil. Uma comunidade que, mesmo abalada pela perda, escolheu a paz como linguagem para exigir justiça e mudanças estruturais. Entre o luto e a luta, Andradina deu um recado claro: a vida não pode esperar.
Texto: Eduardo Imperador