O decorador e funcionário do McDonald’s de Andradina (SP), Bruno dos Santos Santana, conhecido por seu carisma, relatou na tarde da última terça (28) para o jornalista Eduardo Imperador, ter sofrido homofobia, ao ser convidado a se retirar de uma loja “por ser quem é”, como disse em suas palavras, algo que lhe causou constrangimento e tristeza.
A publicação desencadeou uma onda de relatos de mau atendimento no comércio do município nas redes sociais, que vão desde o preconceito com pessoas que estão acima do peso e racismo, crime pelo qual a homofobia passou a ser equiparada em 2019 pelo Supremo Tribunal de Federal (STF), sendo imprescritível e inafiançável.
Bruno declarou não ter acionado a Polícia Militar por “não valer a pena”, porém, Andradina recebeu em 2022 o título de Distrito Turístico, para isso, o município precisa cumprir alguns critérios como fornecer acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, não tolerar atos discriminatórios de nenhuma natureza e, capacitar os comerciantes para ofertar qualidade no atendimento dos moradores e visitantes.
O presidente da Associação Comercial e Industrial (ACIA), Sérgio Ruela, declarou através de nota que a instituição “reafirma seu compromisso com a igualdade, o respeito e a promoção de uma sociedade inclusiva. Repudiamos veementemente qualquer ato de discriminação como racismo, etarismo, homofobia, bullying ou qualquer forma de preconceito que viole os direitos humanos e desrespeite as diferenças”.
Ainda em nota, Ruela afirma que a ACIA oferece constantemente cursos e capacitações visando melhorias constantes na qualidade do atendimento. “Reforçamos a importância de construirmos uma cultura de respeito, tolerância e solidariedade, onde todas as pessoas possam viver livremente, expressar suas opiniões e serem tratadas com dignidade”, finalizou.
Às 9h42 desta quarta (29), a subsecretária de Turismo de Andradina, Viviane Barroso de Castro, disse em contato telefônico com o jornalista Eduardo Imperador que, tomou conhecimento do fato “infelizmente, porque não é o que gostaríamos de estar vendo em nossa cidade”, declarou de imediato.
“É lastimável que em pleno Século 21, ainda tenhamos que lidar com comportamentos como esse, tempo no qual se prega a igualdade para todos. Andradina hoje carrega o título de Distrito Turístico e buscamos o título de Município de Interesse Turístico ou Estância Turística, que é algo muito maior”, revelou. “A Secretaria de Turismo junto ao Governo Municipal, Associação Comercial, SEBRAE e SENAC, disponibilizam pelo menos a cada 3 meses, cursos de atendimento, visando a capacitação total do comércio de Andradina para bem atender não só o turista, como o munícipe. Porque quando a cidade trata bem o cidadão, ela trata bem o visitante, porque ela entende o valor que a pessoas tem dentro da cadeia do comércio”, reforçou Viviane de Castro.
Ao ser questionada se a Secretaria de Turismo já promoveu alguma ação visando o acolhimento da comunidade LGBTQIA+, a subsecretaria garantiu que sim. “Todos os cursos que são ministrados em parecia com o SEBRAE, a gente aborda essa questão do tratamento igualitário, seja ele para portadores de necessidades especiais, contra o racismo e de acolhimento da comunidade LGBTQIA+, então a gente vem trabalhando, mas infelizmente diante deste episódio lamentável, nós vamos intensificar as ações, porque entendemos que não é cabível para uma cidade que preza o selo ‘Bem Receber’, que é um programa piloto aqui em Andradina em parceria com o SEBRAE, no qual selamos algumas instituições que passaram por capacitações para bem receber o turista. Nós não podemos permitir que esse tipo de episódio volte a ocorrer, muito menos que isso se torne corriqueiro. Nós, como um dos braços Poder Municipal vamos trabalhar para combater cada vez mais o crime de homofobia, racismo e intensificar as ações para um atendimento igualitário, dentro do município de Andradina”, finalizou Viviane, garantindo que um comunicado oficial será emitido pela Secretaria de Turismo ainda nesta quarta.
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O presidente da Câmara Municipal de Andradina, Lucas Furlan Lopes, declarou à reportagem que a instituição “repudia qualquer tipo de discriminação, seja de cor, idade, gênero, sexualidade, entre outras. Orientamos todos os cidadãos que se sentirem discriminados a buscando os meios legais como o Ministério Público e o Poder Judiciário”, concluiu.
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