Para quem não me conhece meu nome é Eduardo Imperador, sou radialista e jornalista. Fui convidado pelo Grupo Cine para assistir ao filme “Avatar: O Caminho da Água” e escrever minha opinião sobre o longa de 3 horas e 12 minutos de duração. Primeiramente quero agradecer pela liberdade de expressão, já que em nenhum momento houve qualquer tentativa de interferência da empresa na condução deste texto. É importante também que o leitor saiba que haverá alguns spoilers, então se você ainda não assistiu ao filme, seguir com a leitura é por sua conta e risco.
Vamos lá! Assisti ao filme na pré-estreia, em 14 de dezembro. Eu havia acabado de chegar de uma viagem de 800 km, estava fisicamente cansado, mas emocionalmente empolgado, afinal, foram 13 anos aguardando por essa continuação.
Garanti um combo de pipoca com direito a balde temático e 2 refrigerantes por R$ 60,00 na entrada (aparece na foto de destaque), peguei os óculos 3D e parti para o meu assento. O filme começou com imagens exuberantes de Pandora, conforme as primeiras cenas eram projetadas se podia ouvir a plateia sussurrando “meu Deus”, “que lindo”, “incrível”, entre outros ruídos de aprovação.
James Cameron conseguiu entregar ainda mais profundidade e realismo nas imagens levando a tecnologia do 3D ao limite, de forma espantosa, a imersão é praticamente imediata. Em poucos minutos é possível sentir-se numa espécie de transe, hipnotizado pelas imagens, porém, com o passar do tempo os problemas começam a se revelar.
Foram mais de 60 minutos apenas para apresentar os novos personagens e mostrar um pouco mais da cultura Na’vi, além de características inéditas de Pandora, um tédio! Já para os fãs da franquia, um deleite! Porque certamente adoraram conhecer os alienígenas e seu planeta um pouco melhor.
Na minha opinião gastaram muito tempo com diálogos e passeios pela floresta sem qualquer relevância. A única coisa que passava pela minha cabeça era que Cameron queria apenas mostrar o quanto suas câmeras e computadores novos tinham a oferecer para o mercado.
Quando a emoção estava prestes a começar, me deparei com novas frustrações. Requentaram diálogos de 2009, alguns praticamente integralmente. Requentaram ângulos e tomadas que foram marcantes naquela época, mas que hoje não significam mais nada. Como se não bastasse, os interesses humanos em Pandora pouco mudaram, no primeiro filme se buscava Unobtanium, um minério caríssimo que tornava viagens interestelares possíveis. Em 2022, a humanidade busca um material produzido por uma espécie de baleia chamada Tulkun, capaz de retardar o envelhecimento, ou seja, mais do mesmo! A novidade está na tentativa de colonizar Pandora, já que a Terra estaria morrendo.
Como já era de se esperar, tudo começa a dar errado para Jake, Neytiri e seus filhos, que precisam fugir da floresta, encontrando enfim “o caminho da água”. Haja paciência para a apresentação de mais 5 milhões de personagens e 800 milhões de criaturas e suas habilidades. Confesso que cochilei.
Já se passaram 2 horas de filme e o bombardeio de 3D e imagens estroboscópicas começaram a me dar dor de cabeça, decidi ir ao banheiro e lavar meu rosto. Retornei para a sala e ainda estavam voando e mergulhando eternamente…
Encerrei minha analise neste momento porque já estava claro para mim o objetivo do filme: apenas entretenimento. “O Caminho da Água” não tem pretensão alguma de lançar sobre o público uma grande história, muito menos fazer alguém refletir sobre as malezas humanas ou como será nossa relação quando encontrarmos espécies alienígenas nos confins do Universo.
James Cameron fez um filme apenas para impressionar com seus efeitos especiais e ganhar dinheiro, já que a Disney vive sua pior crise. O modus operandi que usaram em Avatar é bem conhecido em Hollywood quando não se tem uma história, fazem algo explodir e voar o tempo inteiro, para manter o público distraído demais para perceber que o filme não disse nada.
Vale a pena assistir? Sim! É puro entretenimento e uma oportunidade única de ter acesso ao melhor 3D que o cinema é capaz de oferecer. As crianças, principalmente, vão amar. A dica que deixo é: vá com o coração aberto para não se frustrar. Não espere uma grande história, apenas se deixe levar.